segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Redução de danos

A redução de danos chega como uma nova perspectiva na maneira de se tratar usuarios e dependentes quimicos, onde a repressão,internação e patologização do usuario dão lugar ao acolhimento.

Uma nova forma de se abordar o usuario respeitando-se antes de tudo as escolhas de vida de cada individuo. A redução de danos acompanha os movimentos anti-manicomiais e de reforma da saude mental, onde se faz presente o lema ´´trancar não é tratar´´ aludindo aos tratamentos que exigem do usuario abstinência e isolamento.

´´Cuidado de si

Um dos maiores objetivos da Redução de Danos é construir, juntamente com a pessoa que usa drogas, estratégias de cuidado de si que possibilitem a manutenção da integridade física, mental e social, permitindo a realização de todas as práticas sociais às quais de deseje, incluindo aí o uso de álcool ou outras drogas.

A Redução de Danos, enquanto estratégia de cuidado, engendra um discurso político que entende saúde como sinônimo de autonomia. Isto significa colocar-se, no campo da saúde, a partir de uma compreensão da história das práticas ocidentais de cuidado como sendo a história do desenvolvimento de dispositivos de controle, situando, neste contexto, à Redução de Danos como possibilidade de resistência a este processo. Como possibilidade de exercício do cuidado de si. ``

(Retirado da pagina da ABORDA- Associação brasileira de redutoras e redutores de danos)

Ao contrario do que muitos pensam redução de danos não se trata de incentivo ou apologia ao uso de substâncias, mas antes de tudo ao respeito à vida humana, buscando-se compreender a subjetividade de cada pessoa e encontrando caminhos para que juntos se consiga uma diminuição de riscos e danos para si próprio bem como aos demais.

Segue uma excelente entrevista com a psicologa monica gorgulhoe representante brasileira na associação internacional de redutores de danos, confiram!!

http://www.youtube.com/watch?v=MHhY6afAJ_U

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O tiro pela culatra

É engraçado como as autoridades continuam inaptas para conviver e dialogar com as diferenças, sacrificando o debate e colocando apenas mais lenha na fogueira em torno de questões polêmicas como no da descriminalização da maconha.

Na maioria dos estados, a exemplo do que ocorreu na Paraíba, o Ministério Público entrou com ação para impedir a Marcha da Maconha. O evento previsto para acontecer ontem em João Pessoa certamente não teria recebido tantos holofotes caso fosse realizado da forma que estava programada inicialmente.

Mas em nome da “moral e dos bons costumes”, as proibições legais acabaram despertando na população reações que foram do revanchismo à curiosidade; mas não passaram por discussões sérias. Com o intuito de evitar o que talvez se restringisse a um passeiozinho pela orla – afinal nem todo mundo que usa a droga tem coragem ou necessidade para fazer declarações públicas – virou a Marcha da Democracia.

E quem será capaz de proibir, bramir ou se posicionar contrário a um movimento pela democracia, ainda que mobilizado pelos defensores da legalização da cannabis sativa?

Ninguém. Porque quem reagiu foi na verdade, indiretamente responsável pela mudança de nome da marcha(mas não do seu objetivo) garantindo sua realização, e em segundo lugar porque se assim o fizessem, teríamos a retomada explícita de práticas ditatoriais, e uma manifestação pacífica que contou com pouco mais de 100 pessoas, poderia ganhar adesão comparável à histórica Passeata dos Cem Mil.(Fernanda Souza)


Fonte: Jornal Correio da Paraíba, Terça-feira, 06 de maio de 2008, Informe de Campina

domingo, 12 de outubro de 2008

Depoimento

domingo, 4 de maio de 2008

14h - Inicia-se no Busto de Tamandaré um ato público pela democracia e contra a repressão, onde diversas pessoas vão chegando com faixas e cartazes com frases como: abaixo a ditadura, pela liberdade de expressão, democracia não é mercadoria, abaixo ás autoridades corrupitas, sou cidadão e exijo meu direito, respeitem o artigo quinto da constituição,...
15:30 - Chega o carro de som, e as pessoas começam a se manifestar. Mas logo um guarda da STTRANS diz que recebeu a ordem para que o carro de som saísse do Busto de Tamandaré.
Então resolvemos sair em passeata pela orla. Jovens, idosos, adultos e crianças acompanham o som segurando cartazes, com apitos, fogos e gritos de ordem.
Pacificamente e discontraidos seguem os manifestantes,até que por volta das 16:30h divesos policiais e amarelinhos se aproximam do som, solicitando a carteira de motorista do condutor do minitrio, o qual demora uns 10 minutos para encontra-la no meio de alguns CDs. Em seguida verificam o instintor...tudo ok. Mas logo vem a ordem, não pode mais ligar o som. Me direcionei ao policial responsável, acho que era tenente, e ele me disse que não poderiamos seguir com o som. Argumentei do pq, pois a SEMAS havia autorizado, e a procuradoria do MP havia dito que a marcha de democracia podia acontecer por tanto que não se falasse em legalização da maconha.O policial me respondeu:´não quero saber se a SEMAs autorizou, o Coronel ligou dizendo que a ordem é de desligar o som. Perguntei de quem partiu a ordem e solicitei um documento desse ordem. Ele repondeu: Não tem documento, e desligue. Percebí o que estava acontecendo, e para continuar dentro da "lei", desligamos o som.
Fizemos uma roda em volta do minitrio e cantamos algumas canções e cirandas. Logo a polícia faz um cerco em volta do som para ninguem chegar perto, e um rapaz pede aos políciais para pegar suas coisas que ficaram em cima do minitrio...pedido negado!Quando o minitrio vai ser levado o manifestante deita na frente pedindo para retirar seus objetos, e rapidamente é arrastado por alguns policiais. Ao tentar voltar para impedir de o minitrio ir embora o manifestante é agredido pela polícia onde sua carteira e óculos se perdem no meio dos policiais. Ao ver o óculos um policial pisa em cima. A carteira não mais é encontrada, fazendo com que esse manifestante indignado dê voltas em torno da polícia proucurando sua carteira exijindo que achem. Logo tentam mobiliza-lo e o povo o resgata. Começamos a nos organizar para sair em passeata novamente mesmo sem som, mas logo o tenente me "esclarece" dizendo que a manifestação não pode seguir, pois recebeu ordens.
De repente dezenas de policiais montados em cavalos aparecem com seus cacetetes levantados, mais algumas dezenas de viaturas ocupam a avenida. Os cavalos começam a avançar em direção aos manifestantes que começam a cantar:

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
...

o Hino Nacional Brasileiro é cantado fortemente e com amor pelos estudantes e trabalhadores se espalhando o eco para as pessoas que assistiam dos prédios, dos bares e calçadas. Emocionante e bravamente finaliza o hino nacional, e em seguida TUMULTO..os cavalos avançam para cima dos manifestantes com agrassões, e os mesmo coagidos por "pura repressão", sem entender do por quê e qual motivo estavam sendo reprimidos. quando a polícia começa mobilizar alguns estudantes que são levados violentamente para as viaturas, e a paritr disso o povo avançam para resgatar alguns companheiros que nada fizeram para seram presos, e começa uma enorme pancadaria nos manifestantes, com espreis de pimenta, gás de efeito moral, tiros com balas de borracha...um policial perdi o controle do cavalo que se agita em cima dos manifestantes derrubando o policial de cara no chão, e em seguida é atropelado por outro cavalo(o policial declarou para a mídia que levou uma pedrada).
Logo diversos policiais montados em seus cavalos avançam em direção as pessoas que se encontravam nas calçadas e bares, e a repressão é ainda maior, pois ví idosos e crianças correndo assustados tentando se proteger dos cavalos que atacavam. Muitos gritos, muita tristeza, muita revolta...
Dispersou-se os manifestantes, e alguns gritam chamando todos para se reunirem no busto de tamandaré e avaliar o que fazer em relação aos estudantes inocentes que foram presos após uma ação ditatorial. Percebí que diversas pessoas se encontravam do outro lado da barreira polícial que se formou na rua, e resolví voltar para chamar alguns amigos.
Não deu muito tempo, enquanto caminhava ví um amigo que se direcionava ao busto e foi agredido e mobilizado por diversos policiais. Assim que me virei e resolví sair dalí recebí um "mata-leão", onde um dos policiais que estavam sem farda e ficava rindo encostado no carro, me enforcava dizendo: vou te apagar, vou te apagar...vôou fora minhas chinelas e chapeu...primeiro me aparriei, mas quando ví outros diversos policiais avançando em minhha direção, não mais tinha força enquanto era estrangulado. Falta de oxigênio e muitas porradas...tive de fingir passar mal e ter apagado antes que minha vida terminasse naquela repressão covarde. Me jogaram na mala da viatura. Assim que fecharam abrí os olhos e me conhecí duas pessoas que já se encontravam na mala. Um, era soldado de cuiabá, e não teve tempo de se explicar. Outro era um rapaz que tirava fotos.
Meu celular tocou...era o Lou, companheiro da manifestaçao, me informando que tinha sido preso,e respondí: eu ví quando vc foi preso, e quando me virei tb fui detido, ou seja estou preso tb...rimos da situação.
Levados para a décima delegacia em tambaú...chegando ví que fomos a primeira viatura. Lá só se encontrava uma estudante querendo dar queixa contra uma policial que lançou esprei de pimenta direto em seu rosto que se encontrava vermelho e afetado. Logo chegou outra viatura com mais 3 pessoas, entre elas o Lou. Em seguida mais uma, com outros tres estudantes. Alguns muito feridos!
Fomos levados os 9 para uma sela, onde passei cerca de 2h. Lá nos conhecemos, fomos provocados por alguns policiais e ameaçados por um outro sem farda.
Conversando conhecemos um rapaz que não estava na marcha e contou: quando voltava do seu trabalho viu o tumulto, e parou para tirar uma foto com o celular...rapidamente alguns policiais avançaram em cima dele com cacetetes e o celular vôou, e assim ficou perdido. Lamentamos bastante a situação dele e nossa revolta aumentou diante tanta injustiça e censura. Havia um outro, o soldado de cuiabá que estava na mesma viatura que eu, que também não participava da passeata, mas foi surpreendido quando passava.

Um a um foi sendo liberado da sela para falar com o delegado que chegou na delegacia cerca de 1:30. Mas antes alguns policiais resolveram acusar na sorte do dedo alguns de nós de terem lançado pedras. Engraçado...precisavam lascar ainda mais....sendo assim um policial acusou o outro rapaz que veio na viatura comigo, e um outro (reconhecí, era o policial que caiu do cavalo machucando a cara) me acusou..."caralho vai tomar no cú, que ira que eu estava, pois não peguei em merda de pedra nenhuma"... mas confiamos no nosso advogado, um grande homem, o Dr. Américo Almeida, que defendia todos que foram presos.
Fui o segundo a ser escutado pelo delegado e liberado. Quando cheguei lá fora tinham umas 50 pessoas que começaram a bater palma...fiquei pasmo com o companheirismo. Logo mais um foi solto...era o cara do exército. Em seguida o delegado teve de sair por causa de uma chamada onde haviam matado alguem próximo a Mata do Amém. esse fato fez com que os outros viessem esperar a chegada do delegado por mais umas 2 ou 3 horas, e eu fiquei em frente a delegacia aguardando os companheiros de manifestação e "sela" junto com aqueles que aplaudiram.
Pensei naquele momento, e hoje depois de uma pesquisa tive certeza, que naquela noite os bandidos, assassinos, marginais....fizeram a festa em nossa cidade, pois toda polícia militar foi colocada para violentar o direito dos estudantes da marcha pela democracia e contra a repressão, com agressões físicas e psicologicas.
Conclusão:

o vereador Amorin falou em uma jornal, que a sociedade devia agir com violência contra a marcha.
o famoso arcebispo Dom Aldo, disse que a sociedade não podia permitir aquela "vergonha", e a marcha não podia acontecer de forma alguma.

Se tivessemos terminado a passeata, com tranqulidade, paz, respeito, sem falar em legalização(CENSURADO), com seriedade...seriamos vitoriosos, e a sociedade conheceria realmente o que queriamos, com gritos de ordem pedindo abaixo autoridades corrompidas, abaixo a censura contra diversos movimentos sociais... MAS ISSO NÃO IRIA ACONTECER DE JEITO NENHUM!
JÁ ESTAVA TUDO DECIDIDO!
TINHA QUE TERMINAR EM PORRADA PARA PASSAR A IMAGEM QUE SOMOS ARRUACEIROS!
PROGRAMAMOS UM FIM, MAS NÃO SABIAMOS QUE OUTRAS FORÇAS MAIORES E PODEROSAS PROGRAMARAM OUTRO FIM, SENDO COM TUMULTO.

Que país é esse?
Que sistema é esse?
Que justiça é essa?
Para onde estamos caminhando?

PELO FIM DESSA DITADURA MASCARADA!

NÃO A REPRESSÃO, EXIJO LIBERDADE DE EXPRESSÃO!
Fabio Fena

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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Vejam a nota na coluna de Marcos Tavares.
A qualidade do jornalismo da nossa cidade, que coibe a manifestação de possíveis simpatizantes da causa.

Recortes de materias que sairam nos jornais






quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Boas!!

Olá, como estão? O coletivo Marcha da Maconha, de João Pessoa, resolveu pôr este blog no ar, na tentativa de servir como um instrumento de apoio para a divulgação e possíveis esclarecimentos a respeito do movimento Pró-Legalização que (não) aconteceu no dia 04 de maio de 2008 em nossa cidade, mas que esperamos, nos proxímos anos, não venha a ser mal interpretado e censurado.

Como alguns sabem, o movimento sofreu represália em todo o país, sendo barrado pela justiça na maioria das cidades, acusado de promover baderna e por possuir conteúdo apologético.

Os integrantes do coletivo foram taxados abertamente pela mídia de arruaceiros, gangue de marginais, com fins ligados ao narcotráfico(...); acusações absurdas, disparadas como o intuito de denegrir a proposta da marcha.

O coletivo, indo contra a censura sofrida, realiza, em resposta, uma marcha em prol da liberdade de expressão e dos direitos democráticos, mudando, assim, a proposta e respeitando a ordem judicial de não mencionar, em nenhum momento, a canábis em seu conteúdo, faixas e cartazes.
No entanto, vimos, nesta data, o estupro aos direitos de reunião e livre manifestação pública na nossa cidade de João Pessoa, tudo com o aval dos setores públicos encarregados de barrar (a qualquer custo, diga-se de passagem) a caminhada pela orla. Pessoas agredidas sem nenhuma razão, sendo insultadas e detidas sem justa causa.A polícia caprichou e o comandante deve ter achado graça.
No dia seguinte, vimos a mentira ser espalhada pela mídia: "participantes agridem policial", "consumo e venda de substâncias ilicitas na praia", etc. E por aí vai o descalabro de um jornalismo pobre de conteúdo, feito e mantido para servir aos interesses de certa camada.

Iremos, assim, usar este espaço para mostrar a verdade, expondo fotos e matérias feitas na época, bem como criar um meio interativo de divulgação com todo o assunto relacionado ao tema, e onde todos possam expressar suas opiniões.

Abraços, muita paz e luz!